segunda-feira, 29 de março de 2010

MAFARRICO

Se o diabo existe,nunca apareceu para mim.
Mas,eu sei que ele existe,pois a humanidade tem por emblema nomear certos acontecimentos,lhe atribuindo o feito.Certos sucedimentos são taxados como coisa dele.
As guerras,tão habituais na história da humanidade,vejam só,é coisa do diabo,os maus tratos a que alguns indivíduos submetem outros.Coisa do diabo.
A doença traiçoeira que acomete os homens,é coisa dele!
Os acontecimentos enigmáticos tambem são creditados a ele.Todos os fatos que ostentam uma conotação negativa
ao entendimento humano, tem como mentor o demo.
A mim,me parece que a guerra,a humilhação dos outros,a fome que as crianças passam em algumas paragens,e os adultos também,e as doenças,não deveriam chamar-se guerra,humilhação,fome e doenças,deveriam se chamar coisas do DIABO.Mas se elas se apresentam como guerra,humilhação
fome e doencas,vamos então chama-las de guerra,humilhação,fome e doenças.
A mim,mudar o nome desta coisas não é justo.
Parece-me sim,que a humanidade só quer mesmo é tirar o seu da reta.

segunda-feira, 22 de março de 2010

CADA UM PARA SI,E DEUS POR TODOS

quinze de maio de 2010 15:00hrs.
CARTEEIIIIIRO.
-Chico,o carteiro trouxe 3 envelopes para você.
-Dá aqui,depois eu leio.

quinze de maio de 2010 23:00hrs.
Conforto do sofá de casa.
-Marli,ô Marli,se viu onde eu coloquei os envelopes que o carteiro trouxe hoje de tarde.
-Tá aqui na fruteira da cozinha.
-Traz prá mim,vai, aqui na sala,vai.

CONVITE VIP/cortesia.
Ao Senhor Francisco Tadeu Fernandes
Prezadissimo Senhor.
A Secretaría Municipal de Cultura,tem o privilégio de convida-lo
pa a AVANT-PREMIÈRE da peça MACBETH de W.Shakespeare
etc.......no Teatro Municipal etc.....................dia 01/06/2010..........

CONVITE ESPECIAL/grátis
Caro Francisco Fernandes
A Confraria de Gastronomia Valenciana,tem o prazer de convida-lo
para saborear nossa deliciosa PAELLA etc....dia 01/06/2010..........

VEM QUE TEM/na faixa.
Mano Chicão,te esperamo prá bate uma bola,come uma carninha e
toma umas breja.Mó sambão,meu.... etc........dia 01/06/2010..........

Caramba,e agora,o que é que eu faço?
Levantei do sofá e fui até a cozinha,onde a Marli estava cortando uma
costela de porco ,com um enorme facão na mão.
-Marli,me ajuda vai.
-Ajudar em que?
Expliquei para ela o assunto dos 3 convites e ela agitando o facão para cima ,para baixo,para direita,para a esquerda,me falou.
-Quer mesmo que eu dê um jeito?
Arregalei os olhos e disse a ela.
-Não mesmo,pode deixar que eu dou um jeito sózinho.
Fui para o quarto dormir ,pensando, p.q.p.tudo no mesmo dia!
Só se eu me dividi-se.
Mal fechei os olhos e ouvi algo.
-Olha,eu prefiro a PAELLA.
Gritei assustado.
-Quem é que tá falando?
-Sou eu,seu estômago.
-Só se você for voando,por que nós vamos ao FUTEBOL,disseram as pernas.
-Acho que vocês perderam a cabeça,só podem ter enloquecido,nós vamos
é no TEATRO,disse a cabeça.
Pera aí,eu não pedi a opinião de ninguem.E tem mais,ainda sou eu quem manda aqui.
-Cala a boca e nao se meta,disseram em unissono,cabeça,estômago e pernas.
-Olha,eu tive uma idéia,disse a cabeça.
-Já conheço suas idéias,não enchem a barriga de ninguém,falou o estômago.
-Deixa ela falar a idéia pô,vai chuta o lance aí sua moleira mole,falaram as pernas.
A cabeça se ergueu e disse:
-Então,vamos lá,raciocinem comigo,se for possivel né.Vamos nos separar,e cada um vai ao seu destino preferido.
-Legal,eu topo,disse o estômago.
-Nós tambem,falaram as pernas.
-E ele,retrucou o estomago.
-Ele,ora, nós o deixaremos dormindo,e disso eu mesma cuido.
E assim fizeram,cabeça prum lado,pernas e braços pra outro e estômago para outro.
Cabeça,para Teatro.
Tronco,para o Restaurante.
Membros,para o Futebol.

TEATRO MUNICIPAL
Ato V.Cena 5.
...é um conto narrado por um idiota,cheio de som e de fúria,
mas que nada significa.
ronco...ronco...ronco...,hem,hem,caramba,ja esta quase no fim
e eu não assisti nada,só dormi.Pior ainda,estou com fome e nem no baheiro posso ir.Péssima idéia foi a minha!

CONFRARIA VALENCIANA
arroto..arroto..arroto,p.q.p,acho que comi demais.
-Meu amigo figado,poderia me ajudar nesta digestão,não caiu bem, tô com vontade de vomitar,disse o estô mago.
-Impossivel,meu caro esganado,não tem por onde sair.A boca foi junto com a cabeça no Teatro.
-Danou-se,disse o estômago.

FUTEBOL
intervalo do primeíro para o segundo tempo.
-Agora é nossa vez de entrar no jogo,disseram as pernas
-Legal,então vamos lá pro GOL,disseram as mãos.
-Tá louca ,mãozinha,nós vamos jogar é na linha.retrucaram as pernas.
-Gol.
-Linha.
-Gol.
-Linha.
-Gol-Linha-G-L-G-L-G-L-G-L-G-L-G-L-G-L.................................
PRIMMMMM,e apíta o árbitro,fim de jogo.

DIA 16 DE MAIO DE 2010 6:00 da manhã.
trim...trim...trim...trim...
-Acorda Chico,o despertador tá tocando.
-Caramba,já são seis horas,tô atrasado e morrendo de sono.
Passei a noite inteira sonhando.Pesadelo!Comecei a me trocar e disse,pausadamente.
-No próximo dia primeiro nós vamos fazer um pic nic,eu,você e as crianças.
-Ué,e aqueles convites que você recebeu.
-Pic nic,e não se discute.
-Tchau,vou trabalhar.,mas antes que eu esqueça,me faça um favor.
-SOME COM AQUELE MALDITO FACÃO!!!!

quarta-feira, 17 de março de 2010

SARAWA

SARAWA

Saracúra é bicho feio,
tem cabelo no jueío
tem pelanca na barriga,
e verruga lá no seio.

Êta muié cabeçuda,
quanto pêlo na oreia,
víxi nossa,Deus acuda,
a danada é mesmo feia.

Toda unha tem micóse,
e no dedo tem friera,
na coluna é lordose
e na mão tem tremedera.

Intestino é preguiçoso,
a bixiga é caída,
tem um peido mal-cheroso,
e urína bem fidída.

prá pentea o cabelo,
usa galfo de cuzinha,
e depois trata com zêlo,
e gordura de galinha.

Urubú vúa des costa,
quando passa perto dela,
mesmo assim achou quem gosta,
do pérfume da donzela.

Saracúra ficou noiva,
com o preso Wadema,
quer ir logo pra alcoiva,
tem vontade de ama.

Casamento acertado,
num terrero de macúmba,
agora tão enlaçado,
só se separa na túmba.

Vão fazer saracúsinho,
tres por quatro sem para,
o primero rebentinho,
nome dos pais vai ganha.

Nome dela,Saracúra,
i dú pai, Wadema,
fô muié é Wadecúra,
se fô home, Sarawa.

domingo, 14 de março de 2010

PRIMEIRO TEM QUE FAZER A LIÇÃO DE CASA

Alguns indivíduos demonstram um comportamento incoerente com os relacionamentos em sua vida social.
Quando vão à padaria tratam os atendentes como se fossem reis,no açougue ficam elogiando a carne de bife que lhe foi servida na última compra,no caminho de volta para casa cumprimentam todos que passam , param no portão dos vizinhos para aquele papo sobre banalidades,os elogios então,nem se fala,vão desde as roupas das vizinhas até a esperteza daquele cão pulguento que alguns tem.Enfim,este tipo de pessoa é querida e respeitada por todos que ela encontra pelos caminhos.
Mas como que por encanto transforma-se totalmente quando ultrapassa os portais do seu lar.
Aos convivas internos,nenhum dos predicados de díva
esbanjados pelo mundo se manifestam .Será que lhe devem tanto a ponto deste comportamento contar com algum aval superior que lhe justifique.Não sei não,penso
que é melhor fazer a lição de casa primeiro do que vender uma imagem que a vista do mundo exterior parece ser inata e indistintamente praticada.
Posso ser muito conservador em minhas observações mas me sinto mais feliz com o Corinthians sendo Campeão Paulista do que Campeão do Mundo.

segunda-feira, 8 de março de 2010

HISTÓRIA SEM FIM OU ZOOLÓGICO DO XHYKUZ - PRIMEIRO CAPÍTULO

Fui gentilmente convidado pelos animais para ser o escriba oficial do documento intitulado : AS DORES DO MUNDO.
Ficou definido que após os cerimoniais formais,elegeriamos os representantes legais.

escriba:
Aceito com prontidão,
e juro colaborar,
nesta penosa missão,
que iremos começar.

porta voz e mediador:
O papagaio será porta voz,
a coruja,mediador,
e também juraram ante nós,
cumprir a missão com louvor.

escolha dos queixosos:
Vamos fazer um sorteio,
para ordenar os reclamos,
e atender os anseios,
de todos que aqui estamos.

Terminada a burocracia,
vamos por mãos a obra,
a primeira queixa do dia,
é privilégio de Dona Cobra.

Dona Cobra:
Quero que tirem meu nome,
Das Sagradas Escrituras,
Pois a maçã Adão come,
mas é Eva quem segura.

Sr.Coruja:
Caneta nisso,escriba molenga.
A cobra não quer o fado,
de criadora do pecado.

Papagaio:
Silencio,fiquem calados,quero a platéia quetinha,
pois agora ouviremos,as mazelas da Galinha.

Galinha:
Não queremos mais a fama,
das estórias e piadas,
pois as mulheres são as sacanas,
e nós é que somos acusadas

Sr.Coruja:
Escriba,acorde e escreva.
A galinha,pelo que sinto,não gosta de ovos nem de pinto.

Papagaio:
Todos quietos,parem com esse rebú,pois o próximo
escolhido é o garboso Perú.

Perú:
Deus comigo sempre apela,
no seu juizo final,
me levando pra panela,
bem na véspera do natal.

Sr.Coruja:
Escriba,anota aí.
O Perú quer mais um dia,que Deus lhe de essa Graça,
pra que passe a noite inteira,se enchendo de cachaça.

Papagaio:
Agora mais um sorteado,pra nos fazer seu relato,
amigos e amigas ouçam,vai falar o negro Gato.

Negro Gato:
Não gosto que digam que eu,
Aos outros sempre dou má sorte,
Pois a vida ,quem lhes deu,
tambem vai lhes dar a morte.

Sr.Coruja:
Papel e caneta,escriba perneta.
O Gato Negro disse sem pestanejar,
que não é obra do azar,
mulher feia não casar.

Papagaio:
O próximo escolhido foi,aquele que era
Touro e agora virou Boi.

Sr.Boi:
No açougue sou carne de vaca,
e meu corpo vai pro forno,
mas pior que os golpes de faca,
é a minha fama de corno.

Sr.Coruja:
Presta atenção no meu dito,escriba maldito.
O boi pensa que a cabeça,é lugar de por adorno,
por isso em vez de chapéu,ele usa um par de corno.

Papagaio:
O novo sorteado é o gracioso Veado.

Veado:
Me chamam de afeminado,
não que eu ache anormal,
pois prefiro homem sarado,
com mulher eu passo mal.

Sr.Coruja:
Escriba machão,escreva com seu canetão.
Veado que é viado,adora quem lhe cutuca,
com um abraço apertado,e bafo quente na nuca.

Papagaio:
O próximo reclamante,vem em busca de justiça,
apresento a todos os senhores,o nobre Bicho Preguiça.

Bicho Preguiça:
Quem diz que o trabalho me afronta,
só sabe metade da missa,
sou Engenheiro de obra pronta,
o Dr.Bicho Preguiça.

Sr.Coruja:
Desta vez o texto é profundo,óh escriba vagabundo.
A noite é para dormir,o dia prá descançar,
por isso nem um decreto,obriga ele a trabalhar.

Papagaio:
Senhoras e Senhores,oucam com atenção quem vai lhe falar agora ,não precisa de dó nem de pena,com voces Dona Hiena.

Dona Hiena:
Cada um tem seu estilo,
de ser atriz de piada,
por isso eu como aquilo,
e ainda dou risada.

Sr.Coruja:
Escriba,escreva mais essa e vá almoçar.
Jantar no restaurante da Hiena é mico,é tão estranho que parece um ato cênico,o prato tem feitio de penico,e o guardanapo é papel higiênico

continua......depois do almoço.

domingo, 7 de março de 2010

PARA BOM ENTENDEDOR,MEIA PALAVRA BASTA.

Na quinta feira de algumas semanas atrás eu fui fazer uma visita ao meu dentista,lá na Penha.Fui de ônibus.
No trajeto de volta, o ônibus que eu vinha parou em um ponto da Av. Gabriela Mistral para alguns passageiros descerem.Aproveitando-se que a porta estava aberta um sujeito que estava no ponto infiltrou-se entre os que desciam e subiu no ônibus, indo sentar-se próximo ao banco que eu estava, no outro lado do corredor.
A viagem prosseguiu,e o sujeito desandou a falar coisas desconexas.Dizia que amanhã é sexta feira,depois sábado,depois domingo e voltava a repetir.Havia uma criança no ônibus que ele começou a provocar,falava enfim com todo mundo.
Pensei então,esse cara é meio xaropeta,ainda vai sobrar prá mim.Dito e feito,derrepente o sujeito virou-se para mim e disse:
-O senhor aí da bengala mora no Camargo Velho,não é?
Fiquei um pouco desconcertado com essa intervenção, mas respirei fundo e retruquei em alto e bom som.
-Não,eu moro é no Jardim Botelho.
O sujeito me respondeu.
-Não conheço.
Então eu disse:
- É , eu moro no Jardim Botelho Pinto
Então ele perguntou:
- Onde é que fica ?
Então eu olhei bem para ele e mandei:
- Você conhece o Camargo Velho não é , então ,
Botelho Pinto é atrás.
As pessoas que estavam próximas e ouviram,deram muitas risadas da situação,já o chatonildo deve estar até hoje procurando onde fica o Jardim Botelho Pinto.

segunda-feira, 1 de março de 2010

ENCHENTES EM SÃO PAULO

Somente a incúria e a incompetência administrativas aliadas a uma visão elitista da gestão da cidade podem explicar a tragédia que se abateu sobre São Paulo (mais de meia centena de mortos e milhares de desabrigados) neste verão de 2009/2010. Era de conhecimento público havia meses que teríamos um estio excepcionalmente chuvoso devido ao fenômeno do “El Niño”, um velho conhecido nosso; e nem assim um mínimo de precaução contra tal fato os governos do Estado e da Cidade tomaram, como por exemplo, deixar as represas dos afluentes do rio Tietê com uma reserva de volume suficiente para absorver as chuvas previstas. Somente com duas administrações absurda e irresponsavelmente ausentes dos graves problemas que afligem esta metrópole poderia acontecer tal ”esquecimento”, que resultou na inundação de bairros inteiros, mortes e prejuízos materiais incalculáveis, principalmente nos bairros mais pobres e carentes de infra-estrutura urbana da cidade.
Corre na internet a notícia que as obras de desassoreamento do rio Tietê não foram suficientes – mas é evidente que não o foram! Se a opção para este corpo d’água dentro do perímetro urbano foi a de canalizá-lo, como o Sena e o Tamisa, sua vazão tem de ser mantida mecanicamente, pois se o Tietê é um rio lento, de várzea, seus afluentes não o são, carreando para ele milhares de toneladas de sedimentos por ano; portanto se as águas extravasaram do seu leito, faltou gerenciamento, obra civil, dragagem. É obvio isto.

O Governador do Estado e o Prefeito de São Paulo são dinossauros no que diz respeito à gestão da cidade, para eles inexiste o planejamento para uma metrópole mais humana, mais voltada para o crescimento social de seus habitantes; sua visão de urbanismo limita-se à construção de mais avenidas e viadutos, à troca do piso das calçadas, à retirada dos letreiros das lojas e dos mendigos das ruas. Não é segredo para ninguém que enquanto nos bairros nobres o lixo é retirado diariamente e garis varrem os passeios, nos bairros pobres o lixo é recolhido apenas uma ou duas vezes por semana, nunca houve varrição das vias públicas (quando estas não são de terra) e muito menos providências para sanar pontos de alagamento críticos e recorrentes.

Numa metrópole aonde a gentrificação chega às raias do “apartheid” social e os menos afortunados têm de procurarem seu canto de terra para habitarem em áreas inundáveis ou geologicamente instáveis, a opção pelos ricos (ou o descarte dos pobres) feita pelas atuais administrações é indesculpável. Acabo de ler, na internet, que uma comissão de moradores das áreas alagadas acompanhada por deputados e vereadores foi recebida a pauladas e gás pimenta pela PM que fazia a segurança da sede da prefeitura. É profundamente lamentável tudo isto no Brasil de hoje, democrático e republicano.

ABRIL

Logo estará sobre nós o céu de abril
Com sua abóbada de um pálido azul
Por onde passam galáxias que não vemos
E abaixo faz seu arco um sol amarelo,
Que lança longas sombras sobre a terra,
Tornando o que é pequeno, imenso.

Abril. Voltará o prazer de andar na rua,
Com, ao mesmo tempo, calor e frio
No claro-escuro alternado das calçadas,
Olhar os alegres fiapos de nuvens
Correrem velozes pelo céu, o vento
Levar as folhas, levantar saias e jornais.

A cidade ficará humanizada
E nela a vida mais fácil de levar-se;
Irá bem uma boa feijoada,
Ou um cozido, como de praxe, à portuguesa,
Se não um prato (fundo) de macarronada,
Uma branquinha, um belo copo de vinho.

Com abril vem a época adequada
Para ver-se uma boa peça e jantar depois da cena,
Sentar-se nos cafés, ir ao cinema, virar os sebos
Atrás do livro que sumiu e se quer reler,

Será a hora de aquecer-se, de aninhar-se,
Voltarão os cobertores para as camas,
Casacos e suéteres para os corpos. Engordar.
Os Cucas introduzirão as sopas nos cardápios,
Os chás, os bolos, o chocolate quente,
As tortas, pastéis e aguardentes.

Na França estaríamos em germinal
O nome revolucionário de abril,
Mas germinal lá é primavera, melhor
Seria aqui fructidor, o outono.
Quando estariam maduros
Os frutos de termidor

Abril são ruas cheias (é doce caminhar
Ao sol do outono), lojas, luzes, vitrines,
Brilharão nos bairros ricos da cidade,
Ficando a miséria em suas esquinas
E ela é tanta, que não basta só
A estação que entra, para escondê-la.

À noite chegarão como sempre vêm,
Os trapeiros virando o lixo dos burgueses,
Estranhos proletários das calçadas
À cata de garrafas e latinhas,
Com suas carroças que passam adernadas
Sob o peso das caixas de papel...